Nordeste conectado e renovável: Por que Pernambuco tem tudo para ser o próximo hub de data centers de alta densidade energética
- Mello Pimentel Advocacia
- 17 de jun.
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Em 13 de junho de 2025, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste - Sudene lançou a Chamada Pública denominada “Chamada Nordeste”, programa que tem o objetivo de fomentar Planos de Negócios que contemplem a realização de investimentos estratégicos na Região Nordeste, vinculados às missões estabelecidas na política Nova Indústria Brasil, disponibilizando verbas de até R$ 10 bilhões em condições especiais de crédito para projetos de energias renováveis, data centers verdes e hidrogênio verde, entre outros setores prioritários.
O edital da Chamada Pública prevê pontuação adicional a empreendimentos localizados em áreas com forte disponibilidade de energia solar e eólica, exatamente o cenário do Estado de Pernambuco.
Paralelamente, o Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS autorizou, no fim de maio, as primeiras conexões dedicadas de data centers à rede básica no Nordeste, movimento que consolida a região como polo tecnológico alimentado por energia limpa e de baixo custo. Essa medida elimina o principal gargalo histórico (disponibilidade de carga firme), reduzindo o risco regulatório para investidores.
No plano legislativo, o Senado discute o Projeto de Lei n.º 3.018/2024, que cria requisitos de eficiência energética e uso compulsório de renováveis em data centers de inteligência artificial. Durante a audiência de 28 de maio de 2025, representantes do Governo Federal indicaram explicitamente o Nordeste como local preferencial para instalações de grande porte, citando a elevada penetração de energia solar e eólica e o potencial de hidrogênio verde na Região.
A tração já é visível no mercado. Em janeiro deste ano, a pernambucana “Um Telecom” anunciou investimento de R$ 300 milhões no “Recife 1”, primeiro data center com classificação “Tier 3” do Estado, que atesta um padrão de qualidade que garante alta disponibilidade, confiabilidade e segurança para data centers, com capacidade de 6MW e suprimento elétrico 100% renovável proveniente de usina fotovoltaica própria. O projeto será erguido no Parqtel (Parque Tecnológico de Eletrônicos e Tecnologias Associadas), localizado na zona de incentivos estaduais que oferece rapidez de licenciamento ambiental e proximidade ao Porto Digital.
No campo fiscal, empresas que implantam ou expandem operações na área da Sudene podem obter redução de até 75% do IRPJ por até dez anos ou reinvestir 30% do próprio imposto em ampliação de capacidade, assim como obter a redução do ICMS, via Prodepe, de 47,5% a 95% do saldo devedor. Apenas no mês de junho de 2025, mais nove empreendimentos receberam o benefício, reforçando a eficácia do mecanismo para atrair CAPEX intensivo ao Nordeste.
O Estado de Pernambuco combina energia verde abundante, em especial de fonte solar e disponibilidade de gás natural para operação de UTE (estabilidade/capacidade na geração) para garantir redundância, incentivos fiscais robustos e infraestrutura digital em rápida expansão, contando, ainda, com Zona de Processamento da Exportação - ZPE em fase avançada de desenvolvimento para Suape, oferecendo hoje a equação de custo, mitigação de carbono e conectividade de que grandes operadores globais necessitam. Além disso, Pernambuco está maism bem posicionado em relação ao Nordeste, localizado a um raio de 800km de 90% da população e do PIB da Região, com alta viabilidade de ramificação para landing station via ramificação do cabo submarino (Seabras-1 da SeaBorn Networks).
Ante a janela regulatória que se abre em 2025-2026, instalar-se agora significa capturar os melhores terrenos, linhas de transmissão e benefícios tributários antes que a demanda dispare.
Elaborado por: Thiago Toscano
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